Dormia.... Algo se agitou no meu peito
quando apareceu teu corpo
rumo à piscina, serio, confuso,
com a roupa do dia e olhar perdido.
Gritei para que não entrasses
e minha voz se perdeu no vácuo
sem que escutasses nem reagisses.
Entrastes, caminhando célere...
Não sei que buscavas, mas logo saístes,
derramando água e destilando silêncios
mal dissimulados. Não olhaste de frente
nem de lado. Te afastastes de mim...
Corri... Segui teus passos para ver e saber
sem suspeitar que teu coração odiava.
E o ódio bateu em mim, como chicote
e se transformou em chama, em desespero.
Gritei de novo, suplicando explicações
que não vinham, de teu rosto fechado
que nada dizia, nem sequer olhava...
quanto tempo mais poderia suportar isto?
Então levantei minha mão e bati teu rosto,
com mais pena e dor da que pudesses sentir,
e continuava perguntando ao mutismo de teu ser
o que havia acontecido. Eu não sabia!
E a chama em mim ardia com mais força,
o meu braço subia e descia cada vez mais
buscando teu corpo, mas para ferir tua alma
que já não reagia a meu apelo nem a minha voz.
Nada disseste e te senti longe, afastando de vez
teu ser da minha vida. E fiquei vazio por dentro,
sem reação, sem vontade. Tudo outra vez, tudo!
Rezei para não chorar, e chorei para não rezar.
E no meio de tudo, nada... onde irei?